Opa! Tudo bem?
Já percebeu que nós temos mania de medir tudo?
Tudo na vida é métrica.
Isso acontece porque as métricas são necessárias quando precismos comparar duas coisas.
Por exemplo, se eu sei a minha altura e sei a sua altura, logo sabemos quem é o mais alto.
Se compararmos as nossas idades, também saberemos quem é mais velho.
Esses dois exemplos de métricas (altura e idade) são bem intuitivos.
Existem outras métricas que são um pouco mais complexas, por exemplo, o Sistema de Faixas do Jiu Jitsu. Pra quem não conhece, parece bem complicado. Mas pra quem pratica este esporte, é relativamente simples e muito útil pois torna possível a comparação de nível entre dois lutadores.
E para os casos onde não há um sistema métrico definido? Por exemplo, como você mede o nível de conhecimento de alguém sobre determinado assunto?
Esse é um problema bem característico do Excel (e também em várias outras áreas do conhecimento).
Muito provavelmente você já viu por ai divisões de níveis de conhecimento em Excel entre básico, intermediário e avançado. É uma divisão muito utilizada. Porém, temos dois problemas nessa divisão:
O primeiro problema é que não existe um sistema único e padronizado que define quais são os requisitos necessários para ser considerado em um nível básico, ou intermediário, ou avançado. Essa linha divisória fica a critério de cada um. Daí surge nosso segundo problema.
Ninguém quer ser considerado como um iniciante, no nível básico. Talvez por medo de que isso seja associado a sua competência e não ao seu nível de conhecimento, como deveria ser. Por outro lado, quando você se autoproclama em um nível avançado, talvez seja cobrado e precise “provar” com resultados que domina aquela ferramenta. Portanto, o lugar mais seguro pra se estar é o intermediário.
Sabendo disso, qualquer pessoa que anuncie um Curso de Excel vai se sentir tentado a classificar como Avançado, pois para o usuário autodeclarado Intermediário, um curso básico ou intermediário não serve.
Quer ver com seus próprios olhos? Veja essa comparação no Google Trends dos termos mais pesquisados entre “Curso de Excel Avançado”, Curso de Excel Intermediário”, “Curso de Excel Básico”, “Curso de Excel Gratuito” e “Curso de VBA”, no período de 1 ano.
Perceba que Curso de Excel Avançado, em azul, é (bem) mais procurado que Curso de Excel Gratuito, na cor verde!
Sabe qual é a minha visão sobre isso tudo?
Pela minha experiência trabalhando com Excel, eu percebo que existem dois tipos de usuários: o Leigo e o Expert. Propositalmente, eu tirei a classificação do meio pra ninguém ficar em cima do muro.
E qual a diferença entre um Leigo e um Expert?
Já vou adiantar que o Expert não é aquele que sabe de tudo. Até te desafio encontrar alguém que saiba tudo de Excel! O Expert é a pessoa que sabe exatamente onde está, entende o seu problema, e até sabe qual seria uma possível solução, mesmo que ainda não tem certeza de como aplicar esta solução.
Ficou confuso? Deixa eu resumir.. Expert é aquela pessoa que sabe fazer a pergunta certa!
Sim, a propaganda do canal TV Cultura esteve sempre certa: “O que move o mundo são as perguntas e não as respostas“.
Vamos ilustrar com um exemplo: você está montando um sistema de cadastro de clientes. Neste sistema temos uma tela de consulta pelo nome do cliente. Quando for digitado o nome, o sistema traz todos os dados cadastrais daquele cliente. Porém, podem existir dois clientes homônimos (que têm o mesmo nome), ou o usuário do sistema pode não saber o nome completo do cliente e precisará pesquisar pelo primeiro nome (ou parte do nome). Nos dois casos, nos teríamos mais de um resultado (vários clientes com aquele nome ou parte de nome) sendo que a tela de consulta tem campos para exibir somente um resultado. O que fazer?
O Leigo nessa hora trava. Não vai saber nem pedir ajuda. É como uma pessoa que não fala japonês perdida em Tóquio: ela não consegue nem sequer pedir ajuda de alguém na rua para conseguir chegar em um determinado lugar.
Já o Expert sabe que precisa trazer todos os resultados de nomes daquela consulta e mostrá-lo para que o usuário selecione qual deles deseja visualizar as informações de dados cadastrais. Sabe ainda que pode usar, por exemplo, uma caixa de listagem para exibir estes dados e que, quando o usuário escolher e clicar em um dos nomes, os dados do cliente escolhido serão preenchidos nos campos da tela de consulta.
O Expert sabe então exatamente quais perguntas fazer:
– Como faço para preencher uma caixa de listagem?
– [e depois] Como faço para, ao clicar em item da caixa de listagem, acionar outra macro?
Ao obter estas respostas, o Expert poderá resolver seu problema.
Perceba um detalhe importante: o Expert nem sequer precisou mencionar detalhes sobre o sistema que estava construindo, pois isso não faz parte da solução.
No caso do Leigo, muito provavelmente, este teria que contar toda a história (para um Expert), que estava criando um sistema de cadastro de clientes e precisava resolver um problema na tela de consulta quando realiza uma pesquisa por um nome que seja parte do nome de vários clientes. E o Expert teria que pensar na solução, explicá-la ao Leigo e ensiná-lo sobre a ferramenta a ser usada.
Enfim, para concluir, um Expert não é quem sabe de tudo e um Leigo não é quem não sabe de nada. A diferença é que um Leigo ainda não tem tanta vivência em solucionar problemas como o Expert, que quando encara um problema completamente novo, ainda assim consegue imaginar uma solução, mesmo que não domine completamente a ferramenta que usará para aplica-lá.
Depois dessas explicação e utilizando estes critérios, você se considera um Leigo ou um Expert?